A Canonical chacoalhou o mercado de tecnologia há duas semanas, quando mostrou ao mundo seu projeto de "PC-Phone", o Ubuntu Edge. Com configurações incríveis e a possibilidade de executar uma versão de desktop do sistema quando plugado a um monitor, o dispositivo prometia mudar o mercado de PCs e celulares. Mas provavelmente não sairá do papel.

O projeto dependia do apoio da comunidade Linux e pedia US$ 32 milhões no site de crowdfunding IndieGogo. Após um início arrebatador, conseguiu US$ 5 milhões em apenas três dias. No entanto, após metade do prazo de arrecadação previsto pela Canonical, o Ubuntu Edge levantou apenas US$ 8 milhões.

Ou seja: após 50% do tempo limite, a empresa tem apenas 25% das contribuições que esperava para fazer o projeto deslanchar. São mais de 18 mil pessoas bancando e 10 mil celulares "vendidos". A empresa tem mais 15 dias para tentar levantar US$ 24 milhões.

Ao que tudo indica, a variação de preço do dispositivo foi um dos fatores que mais atrapalhou a arrecadação. Quem bancou o projeto no primeiro dia conseguiu pagar apenas US$ 600, preço excelente, que o coloca na mesma faixa (ou até abaixo) de outros aparelhos de topo de linha. Os contadores dispararam. Contudo, o preço logo subiu para US$ 830 e o interesse diminuiu.

Percebendo o problema, a Canonical tratou de estabelecer novas faixas de preço para o aparelho divididas em "lotes". Ao encerrar o lote de US$ 700, por exemplo, o aparelho poderia ser comprado por US$ 725 e assim por diante. A estratégia funcionou, a princípio, e voltou a levantar os números de arrecadação, mas logo o interesse voltou a esfriar novamente.

Reprodução

O gráfico acima mostra exatamente o que aconteceu. A linha vermelha, que indica uma média para a meta, é obliterada nos primeiros dias pelo montante arrecadado, em azul, mas logo se torna inalcançável.

Em contato com o The Verge, o editor do site especializado OMG! Ubuntu!, Elijah Sneddon, aponta que o baixo preço inicial criou expectativas irreais no público, o que atrapalhou o andamento da campanha. "Por que você pagaria US$ 730 por algo que custava US$ 600 há duas semanas?", ele indaga, ponderando que o projeto ainda pode sair do papel de outras formas, dado o interesse apresentado pelo público e mídia. Se a meta não fosse tão alta, os US$ 8 milhões arrecadados até o momento seriam um sucesso absoluto.

Muito provavelmente a companhia por trás do Ubuntu Edge esperava ter o apoio do mercado corporativo, com o perk de US$ 80 mil, que oferece 100 aparelhos e mais um período de suporte. Contudo, nenhum pacote do tipo foi comprado.

Os planos originais para o dispositivo incluiam um processador de núcleos múltiplos que prometia ser o mais rápido possível, 4 GB de RAM e 128 GB de armazenamento. A tela de 4,5 polegadas teria resolução HD e traria um display de safira, que garante boa resistência. A câmera traseira seria de 8 MP, enquanto a frontal teria 2 MP. Ele também faria um dual-boot com o Ubuntu Phone e Android, além de, como já citado anteriormente, rodar o Ubuntu completo para desktop quando ligado a um monitor.

Mesmo que o Edge não deslanche, a empresa certamente continuará apostando no Ubuntu OS para celulares, se esforçando para que outros aparelhos utilizem o sistema. É possível também que a companhia desenvolva outro hardware próprio, um pouco mais modesto.

Vale lembrar que quem decidiu colaborar com o projeto terá seu dinheiro devolvido caso a meta realmente não seja alcançada.
 
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